... eu sabia que esse momento ia chegar. Sabia que não seria
fácil. Só que isso não era difícil de presumir. Dá pra ver como a vida
funciona; não precisa ser ‘expert’, é tudo uma questão de observação. Sempre foi assim; é assim para todo mundo. Tem uma época que
tudo vai bem, e tem outras épocas que a coisa simplesmente não flui. E não acho
que vale essa máxima de que quando o trabalho vai bem o amor vai mal, ou o
contrário. Eu acho perfeitamente possível o cidadão estar amando e feliz no
emprego sem uma coisa interferir na outra; assim como é perfeitamente possível
ter por aí o indivíduo completamente ferrado, como eu.
É uma questão de observação, não é preciso “passar por isso”
para perceber essas coisas. Quando você estiver muito feliz, tenha certeza que
em algum momento, próximo ou não, alguma coisa desagradável vai acontecer. E
quando a coisa desagradável chegar você vai se lembrar do tempo feliz; e mais,
você irá se agarrar a isso e irá cultivar a esperança de que dias melhores como
os que já foram darão ar da graça novamente. É isso ou você simplesmente se
entrega; se rende. Deixa de viver e dá lugar a uma sub vida...ou seria sub
morte?
O fato é que períodos desagradáveis são desagradáveis. É um porre. E quando a coisa está realmente feia é
difícil tentar convencer a sua consciência de que em algum lugar está a tal da
luz no fim do túnel. É difícil digerir que todo mal vem para bem, e que no fim
você sairá disso tudo fortalecido, e com sorte, imune a outras situações
semelhantes a essas.
Não é fácil. Mas é o que é. Isso é viver. E se estamos
achando tão ruim assim, é como meu pai diz: “para morrer basta estar vivo..!”;
a porta da rua é serventia da casa... No entanto, como ninguém quer morrer (ou quase ninguém,
assim espero), o jeito é ir levando como der. Enfrentado com a coragem dos
heróis de cinema, ou simplesmente fingindo que não é com a gente, esperando
para ver no que vai dar.
Só espero que valha a pena.