18 fevereiro 2013

Das coisas sobrenaturais...


Eu comecei a escrever esse texto as 06:00 da manhã (insônia desde as 03:30) ao som de "O anjo mais velho" d'O Teatro Mágico e não pude deixar de me lembrar de semana passada, quando li uma declaração do Fernando (Anitelli) sobre o fato de ter, no show feito em Portugal, cantado essa canção para o seu Anjo mais velho, que naquela data completaria mais um aniversário caso não houvesse partido ano passado em 28 de agosto (aniversário do meu pai).

Eu me recordo que no dia em que li a notícia, passei o dia inteiro afetada, um pouco triste, sei lá. Sabemos que a morte é algo natural, só o começo de uma nova jornada num lugar melhor, esperamos... No entanto, o vazio deixado pelo ente que se foi é algo impossível de se preencher.

Em parte, o motivo de eu ficar ainda mais comovida com a história do vocalista número um das minhas playlists atualmente, foi, é claro, a perda ainda recente e "inexplicável" da minha prima há pouco mais de dois meses. Eu tenho um texto relacionado a isso que pode ser lido aqui.

Eu não sei se você acredita nessas coisas sobrenaturais, mas eu soube um dia desses que minha tia, mãe dessa prima falecida, teve um sonho com ela, a Djane. No sonho, a D. aparecia de repente de detrás de uma cortina e abria o sorriso mais lindo! Minha tia conta que ficava maravilhada com aquele sorriso e ao tentar puxar conversa, minha prima lhe dizia que não tinha muito tempo, que precisava voltar logo, que só tinha passado para dar uma notícia: que vinha criança nova por aí.

(!!!)

Eu acho que minha tia ficou ainda de duas a três semanas intrigada com o tal sonho, até todos nós recebermos a notícia que daqui a alguns meses um mocinho chamado Davi virá se tornar o mais novo membro da nossa família abençoada! Isso é ou não é lindo? Só me faz crer ainda mais que para o Amor não existem fronteiras, nem de Vida ou de Morte.... Ou, como disse o Mitch Albon no livro As Cinco Pessoas que Você Encontra no Céu, "cada vida afeta a outra, e a outra afeta a seguinte, e que o mundo está cheio de histórias, mas todas as histórias são uma só"...

***

Esse  é um "causo" verdadeiro e particular, mas acredito que vale a pena ser compartilhado. Não foi o primeiro e tampouco será o último. Mas e você, tem alguma história dessas, meio encantadas, meio sobrenaturais? Como foi?



03 fevereiro 2013

O cavalo do filme e o conflito no Mali

Quando entrei para a faculdade eu deixei de assistir jornal. Não foi por questões de lerdeza, alienação ou coisa do tipo, era porque os horários eram mesmo imcompatíveis. No entanto, na medida que eu fui retomando o tempo para desperdiçar na frente da TV, vi que eu já não era mais a mesma, que não conseguia mais ficar muito tempo parada ali assistindo o que a Rede Globo resolvia me empurrar.

Cresceu também uma certa revolta quanto aos telejornais, que dia após dia noticiavam conflitos atrás de conflitos, 20, 40, 200 mortos e a coisa ficando banal. Eu já falei sobre isso em algum post no passado, sobre a banalidade das coisas, sobre as pessoas já não mais se surpreenderem com a proporção das tragédias e das desgraças que ocorrem a cada instante. Provavelmente amanhã irão anunciar algum outro bombardeio, na Síria, talvez. E quem sabe isso tenha acontecido no momento em que estou aqui, sentadinha dispondo sobre isso.

O fato é que o mês de janeiro quase todo fiquei na casa do papai. E o papai assiste jornal, e na casa do papai não tem TV por assinatura, portanto eu não tive muita saída. Naqueles dias não se falava em outra coisa, a não ser do conflito no Mali, na África. Segundo o que li na internet, "o norte do Mali começou a ser ocupado por radicais islâmicos em abril do ano passado, quando o país africano sofreu um golpe de Estado. A instabilidade política permitiu o avanço dos grupos extremistas e dos tuaregues, fazendo com que o governo central não conseguisse controlar a região"¹. Depois disso, houve um ataque a uma refinaria na Argélia capturada por extremistas islâmicos..."Os extremistas disseram ter agido em represália à intervenção militar francesa no Mali"².

Enfim, provavelmente já aconteceram mais absurdos de lá para cá, mas eu deixei de acompanhar o noticiário novamente (felizmente ou não). Essa questão ficou marcada porque dias depois eu vi um filme sobre cavalo.

Eu não sou muito chegada em cavalos, sabe? É um bicho elegante e tudo o mais, porém é muito desconfortável! Eu simplesmente não entendo pessoas que trocam o conforto de um carro ou motocicleta por um cavalo. Mas o fato é que, por alguma razão, todos os filmes de cavalo que já vi me emocionaram -
Seabiscuit, Secretariat -, e agora, esse tal de "Cavalo de Guerra" do Spielberg. 

É uma história fantástica, para dizer a verdade (no sentido de irreal ou surreal), mas ao mesmo tempo tem o toque especial emocional dos filmes de cavalo. A cena mais marcante do filme (que é o que faz ligação com o meu relato sobre o conflito no Mali, haha, acharam que eu tinha surtado, né?) acontece quando o cavalo, nosso protagonista, se encontra em meio ao fogo cruzado em plena Primeira Guerra Mundial. Lembra da "guerra de trincheiras" das aulas de história? Pois é, o coitadinho do Joey (o cavalo), começa correr adoidado em meio ao bombardeio e sai arrastando tudo o que há pela frente, ficando completamente imobilizado por metros e mais metros de arame farpado. Olha aqui a foto.   î

Mas a questão não está centrada na má sorte do cavalo, mas da situação inusitada e até mesmo embaraçosa que se arma a seguir. Com pena do pobre animal, um soldado do lado inglês resolve ir até o bicho (que como eu disse está no meio do "campo de batalha" - entre a trincheira inglesa e a trincheira inimiga alemã) para resgatá-lo. Acontece que um soldado alemão também ficou comovido com a situação do animal.

Imagina a cena! Eu infelizmente não consegui encontrar essa imagem na internet, mas imaginem: você está em guerra, atirando no lado inimigo, jogando bomba e tudo o mais. Vai até o cavalo resgatá-lo e dá de cara com um cara que provavelmente estava atirando na sua direção também. Eles poderiam ter se matado ali, mas sabe o que acontece? Apesar de estarem em lados opostos na guerra, eles unem esforços para resgatar o animal.

É uma cena linda! Fantástica! Sublime! É um soco na cara da nossa sociedade. Deveria ser um soco na cara desses infelizes que estão por aí nesse mundo fazendo guerra, caçando conversa e sarna para se coçar, como o povo da Coreia do Norte que anunciou um dia desses a retomada aos testes nucleares. É uma cena que faz a gente pensar... que faz a gente ver que uma parcela de seres humanos está indo de mal a pior, pior do que bicho, porque bicho nenhum faz com seus semelhantes o que nós temos feito uns aos outros!

Eu procuro, eu juro que procuro algo que justifique toda essa matança, toda essa onda de injustiça, impunidade, banalidade e CHORO de tristeza porque eu sei que não vou encontrar justificativa. Não tem lógica! É de cortar o coração ver que em pleno século XXI ainda tenhamos que presenciar tamanhas barbáries, centenas de tragédias que poderiam ser evitadas; milhares de desalamados por aí fazendo maldade por prazer, política, poder, riqueza ou ainda pior, usando o nome de Deus. 

O que eu pensei naquela hora do filme, foi em todos esses conflitos que aconteceram e  tem acontecido. No que se tem perdido, valores, humanidade... Coisas que a meu ver valem muito mais do que tecnologias e mais tecnologias que tem tanta gente preocupada em aprimorar....

Onde foram parar o valor, o respeito e o amor à vida? Não só à nossa (vida), mas principalmente a do outro?


*Fonte das notícias transcritas no texto:
¹. http://www.jornalacidade.com.br
². http://www.ebc.com.br

Sonhei com o Anitelli e acordei inspirada...

Ele disse que é tudo uma questão de prioridade. E eu falei: "Prioridade. Palavra chata!". E ele concordou: "Palavra chata! Mas também Palavra Chave". Não está errado. Não deixa de ter razão, mas eu fiquei a pensar em quanta coisa se perdeu por cauda dessas prioridades. Prioridades que a sociedade em que vivo me forçou a por em primeiro plano.

Quantas vezes eu já divaguei ao ver alguém com dinheiro na mão ou eu mesma, olhar para aquele pedaço sujo de papel e pensar "É isso mesmo? É por causa disso que as pessoas (e eu, infelizmente) lutam e labutam todos os dias para ganhar? É nisso que as pessoas tem depositado a sua fé? É justo, isso?". Bem... Poético não é. 

Eu tentei atrasar o máximo que pude a minha vida adulta, é sério! Fiz força para brincar de boneca até os 15, e ainda cultivei o gosto por fantasias do cinema e literatura até os 20 e não vem ao caso. Mas nem assim eu fiquei imune. Mesmo assim as preocupações vieram,  as prioridades (Aarg!).

E o pior, é que vejo hoje que muitas dessas prioridades e  preocupações me desviaram, tiraram o foco daquilo que sou, do que me faz ser genuína, do que faz os meus olhos brilharem de forma especial. E é duro, meu amigo, quando num dia como esse você se dá conta de que teu plano de ser diferente tá dando errado.

Quando eu era menina e via adultos estressados, que já não viam mais a vida com a mesma esperança de outrora, com aquela objetividade férrea de cumprir as tais prioridades, eu disse a mim que não queria me transformar naquilo. Não era um tipo de "síndrome de Peter Pan" - crescer é bom; traz maturidade e diversos pontos de vista que não adquiriríamos senão por meio das experiências vividas -, eu só queria que quando a fase adulta chegasse, quando a coisa apertasse, eu não deixasse de lado e nem tratasse com desdém a bênção que é ver o mundo, mesmo que seja por alguns momentos, como que com os olhos de uma criança.

No fim, lembrando do nosso trocadilho, da Palavra Chata e da Palavra Chave, vejo que também não sou dona da Verdade Absoluta. Tudo depende de onde cada um quer chegar. Eu busco o que me é necessário, mas sempre esperando que isso não custe aquilo o que sou. Porém está claro que a prioridade de muita gente é ficar rico, aparecer na televisão, virar um Big Brother (haha)...

O meu conselho (como se eu possuísse algum cacife para tal) é: (roubando descaradamente as palavras de Gessinger) "tudo bem, até pode ser. Se for POR AMOR (às causas perdidas).
Eu não tenho mais jeito mesmo! Mas isso não me entristece.