24 julho 2022

Comunicação não violenta ficou onde ?

 "Como falar o que está no meu coração e ser compassivo com o outro ao mesmo tempo?" (frase do @institutocnvbrasil)

Eu vi essa postagem uns dias atrás e desde então essa frase começou a ecoar sem parar na minha cabeça. Porque de forma recorrente me vejo em/ou criando conflitos exatamente por não ter domínio dessa habilidade de fala.

Isso me levou a outro pensamento também. Que é: justamente quando mais preciso de acolhimento que me torno menos acolhedora. É como se a necessidade de cuidados naquele momento rompesse os limites dos bons cuidados com as outras pessoas e fazendo as vezes até que surja o desejo de machucar outrem. Como que uma compensação insana de não conseguir acolhida. Faz sentido?

A ideia desse texto já esteve repleta de muito desejo de machucar. Exatamente na contramão da frase que o inicia. Mas muito se perdeu, muito está adormecido… (inclusive, hoje enquanto chorava no banho pensava nessa habilidade (?) que tenho em esquecer temporariamente dos meus conflitos e ficar revezando entre eles. Dessa maneira, um ciclo se mantém retroalimentado, onde as aflições ficam em revezamento. Cada qual com sua vez, até que eu esqueça de uma temporariamente e dê lugar a outra. E assim vamos … 

Minha terapeuta diz que cada vez que retorno a esses lugares, retorno de uma forma diferente. Mas não sei se outras pessoas percebem dessa forma. Sei que para alguns deve ser algo do gênero: “isso de novo?”. 

Mas para além da máxima que venho repetindo bastante (“não consigo calar a minha boca”), é difícil para mim ter que ouvir passivamente algumas coisas. 

Eu tenho tido muitos gatilhos, tenho estado sob muito estresse e por diversas vezes tenho sentido que extrapolei repetidas vezes todos os meus limites e eu só não consigo mais. E mesmo não conseguindo, eu sigo tentando, porque eu não sei bem em que momento isso ficou gravado em meu cérebro, mas, parece que desistir não é uma possibilidade. Então mesmo quebrada eu tenho que continuar. 

E estando nesse estado, ouvir essas máximas “você tem que se controlar”, “você tem que ter paciência”, “você não pode ser assim”, “você tem que fazer um esforço”, “você não pode levar as coisas dessa maneira”… 

É o mesmo que levar um tapa na cara! 

Tentar me controlar, fazer esforços, ter paciência, tentar me encaixar, tentar fazer caber, tentar deixar o mais confortável possível para todo mundo, mesmo que isso me deixasse em situações desconfortáveis, foi só o que fiz a minha vida inteira. E sigo fazendo… de forma capenga, mas sigo. Então eu realmente não sei o que esperam de mim. 

Não sei o que esperar de mim. 

Quando ouço alguém, tento ter o cuidado de não repreender o ponto de vista do outro pq eu não sei o quanto lhe custa ouvir aquilo. Ex.: alguém tá na merda e vc chega e diz: “não fica assim”. Pra mim isso é meio que negar ao outro o “direito” de sentir-se chateado. E são processos que precisamos passar as vezes… “Você precisa ter paciência…” Poxa, você acha que eu não sei disso?  Entende? 

As vezes não precisamos que nos lembrem do óbvio. Nem sei pq estou escrevendo isso. Nem era o objetivo inicial do texto. 

Mas talvez, 

Talvez seja melhor eu tentar ficar calada.

Só isso mesmo. 



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