30 abril 2010

Quer namorar comigo?

 Alguma vez no passado eu assisti – e adorei, claro – o filme Orgulho e Preconceito. Lembro-me que como de costume, fui assistir ao making of do dito cujo e um dos entrevistados comentou que um dos maiores encantos de produzir tal filme, encontrava-se na ‘inocência’ das pessoas da época, ou algo no sentido de os relacionamentos serem definidos. 

Naquele período, –fantasiamos, ao menos – não haviam rolos nem o tal do ‘ficar’. Era oito ou oitenta, ou se estava comprometido ou não; muito diferente dos dias atuais. Essa entrevista nunca mais saiu de minha memória; lembro-me que concordei piamente com o entrevistado. E um dos motivos pra isso, imagino, é o fato de eu ser sistemática nesse ponto, não gosto muito de coisas indefinidas...

Mas voltando ao raciocínio... Esta semana este pensamento/opinião veio à tona novamente depois que fui convidada a ser jurada num concurso na UFT. Foi um evento descontraído, com poucas pessoas, e bastante animado. Lá, havia na platéia uma moça que não queria se apresentar em função da timidez. Mas em certo momento, quando um rapaz que tocava violão se ofereceu para tocar para ela caso esta decidisse cantar, o público foi ao delírio. E alguém disse alto o suficiente para todos ouvissem: “Nossa, isso foi praticamente um pedido de namoro!!”.

Eu, em minha tamanha ingenuidade me pergunto até agora se essa afirmação procede... Será mesmo que era essa a intenção do rapaz? Ou foi apenas motivado pela vontade de ser prestativo, ou encorajador por já conhecer o talento da moça em questão? Claro que não cabe a ninguém além dos dois decidirem/responderem a este questionamento. Mas a situação realmente nos faz pensar nos caminhos que as relações pessoais tomaram de um tempo para cá.

O ‘ficar’, muito popular para os mais jovens; eu não consigo entender! Como podem sair aos amassos com pessoas estranhas motivados apenas por aparência (já repararam que esse é sempre o argumento? “Fulano é bonito”), e deixando de lado o principal, que é o conteúdo. Pior ainda, muitos encaram isso como uma coleção - “hoje fiquei com 10”, ou “o objetivo esse ano é ficar com 100”-, absurdo.

Depois do ‘ficar’, existe ainda os rolos, que é na minha visão o meio termo, nem tão superficial como o ‘ficar’ e nem tão “concreto” quanto o namorar. E por último existe ainda o namoro que hoje em dia já tem caras de casamento, já que não é mais necessário nem perante a lei estar casado para viverem debaixo do mesmo teto e dividirem despesas, filhos e tudo o mais!

Claro que essas coisas por um lado simplificaram bastante a vida de muita gente, por exemplo, para quem só “juntou os trapinhos” não vai dar tanto trabalho se separar comparado a um casal que se casou no civil e/ou no religioso. Mas por outro lado, pra quem ainda está à busca do par perfeito, a tampa da panela, alma gêmea, isso soa um pouco assustador, porque são tantos os fracassos (relacionamentos que não vão para frente pelos mais diversos motivos) e essa falta de parâmetros, modelos de relacionamento, me parece, dificultam um pouco as coisas.

Bem... Essa é a minha opinião. Você provavelmente deve ser menos complicado do que isso. E então, diga-me, como você lida com essas situações, ou como lidou – para quem já passou da fase da procura e agora o desafio concentra-se em manter aquilo que precisou de tanto cuidado, carinho e mais um monte de sentimentos para construir?

O pessoal fala muito de homens e mulheres modernas, mas eu não sei não... Acho que muita gente ficaria contente se um namoro começasse com um simples “Quer namorar comigo?”...

**Curiosidade: Este post era pra ser sobre a Hidrelétrica de Belo Monte!!!!


13 comentários:

  1. Hahahaha, a Hidrelétrica de Belo Monte??? É, tá difícil de fazer algma analogia com o tema, hahahaha...

    Bom, essa coisa de namorar e ficar é bem complexa nos dias de hj. As mulheres são de namorar, mas acabam aceitando a condição por impulso e com esperança de que a coisa engrene e de repente dê certo, sei lá. Acho que hj em dia não se pensa muito, as coisas acontecem rápido e já tem outro/outra na esquina e é bom aproveitar. Acho que é isso!

    Adorei o raciocínio... deu pra pensar.

    Beijos pra ti e ótimo domingo!

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  2. Rapaz... dizer se foi um pedido de namoro é meio complicado... depende de se eles já se conheciam antes, qual o tipo de relação... que tom ele usou... mas, baseada na minha experiência eu posso dizer que, geralmente, as pessoas exageram muito nessas interpretações. Se você fala mais de uma vez em uma pessoa, já é porque está apaixonado.

    Provavelmente ele quis ser prestativo e as pessoas estão maldando. Mas, como eu não estava lá pra dizer... e, muito menos sou o cara, que é quem pode afirmar com certeza...

    Realmente!!! Essa falta de padrão para relacionamentos complica muito mais as coisas. Gente que cobra demais sem poder e gente que dá de menos quando tem muito mais obrigações. Enfim... é tudo uma bagunça!

    bjoss

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  3. OLá Sumida!!! Tá parecendo alguem que eu conheço...¬¬

    Então, Viii, apesar de ser um ponto de vista válido, achei-te um tanto quanto conservadora nesse post. Calma, porque não chega a ser uma crítica. Eu mesmo nunca curti muito essa coisa de ficar trocando fluidos bucais com desconhecidas. Acho desnecessário, superficial e, pelo menos pra mim, nunca vai ser simbolo de status fazer uma "fila de 20" só na sexta de carnaval e dizer que "o sábado promete".

    No entanto, sou totalmente a favor do tal do "rolo" (e nem to falando do cara da Turma da Monica).

    Hoje, principalmente as mulheres, têm a chance de procurar melhor por sua "tampa da panela" sem correr risco de ser tachada de puta como era antigamente.

    E por que é importante procurar? Justamente porque a possibilidade de desilusão amorosa é grande demais para se arriscar em um compromisso sério sem antes conhecer melhor a pessoa ao seu lado. E como fazer isso? Tente responder essa pergunta e possivelmente você chegará a uma resposta que contradiz totalmente aquela visão "8 ou 80" defendida antes.

    Pensar assim não é uma questão de "ser moderno" e sim de tomar decisões que farão com que sofra menos. Sejam elas quais forem, desde que arque com elas.

    E o cara do violão é realmente uma incognita. Ele pode realmente está querendo algo com a cantora timida, pode está querendo impressionar as outras meninas da plateia (ohhh que romantico, que gracinha) ou ambas as coisas (o que é muito provável). Somos homens. Somos "detestáveis". Somos um mal necessários. Vocês sabem disso. E as vezes têm ódio por isso!! rsrs

    Beijos

    Igor André(um pouco mais realista que o de costume)

    Ahh, de repente você gosta de ler estes dois temas que abordei no Ordem a um tempão atrás.

    http://ordemincaos.blogspot.com/2009/12/mas-nao-sei-se-dara-certo.html

    http://ordemincaos.blogspot.com/2008/05/percia-lbia-ou-lbios-com-percia.html

    Fica a dica!!

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  4. Viiii... ( espero não ter esquecido algum "i"; e nem acrescentado "i" demais.... rsrsrsrsr )
    Fez um comentário bastante profundo e significativo lá em meu blog quando disse se preocupar por sentir uma atmosfera muito triste na maioria dos meus blogs. Sua sensibilidade é aguçada por que eu criei o blog para falar desses sentimentos ambíguos. Foi uma espécie de válvula de segurança duma panela de pressão. Não podia explodir ou implodir, aí quando chego nos meus limites perigosos eu escrevo, escrevo e escrevo e me sinto melhor.
    Obrigado por se preocupar. Mas me esforço para estar bem e tenho conseguido ficar o melhor possível.

    "Orgulho e Preconceito" é ótimo assim como "Razão e sensibilidade" baseado num livro da mesma autora a Jane Austen.

    E a respeito da mudança de valores é realmente tudo isso que vcê disse e mais um pouco. Eu até já desisti de entender.

    As vezes sinto que o "namoro" para alguns é algo tão velho quanto a era jurássica. E isso vale para homens e mulheres.

    Uma boa semana e obrigado pelo carinho.

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  5. Pois é Igor, já li a primeira postagem que vc passou o link e confesso que tenho tentado seguir as dicas de lá, mas a sua impressão com relação ao conservadorismo é real, em vários aspectos sou muito assim, mas não quer dizer que não esteja aberta à mudanças. A verdade é que nessa área muitas vezes queremos segurança, mas se tudo fosse fácil demais também não haveria graça nem sentido.
    :)

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  6. Eu concordo plenamente que devemos buscar segurança em um relacionamento, Viii. Do jeito que eu falo, as vezes faz parecer que eu não esquento a cabeça pra nada e que levo essa coisa no oba-oba rsrsrsrs. Não estou dizendo que você chegou a essa conclusão, mas não foram poucas as vezes que fui interpretado dessa maneira

    A segurança é imprescindível pra se ter um relacionamento saudável. O que eu tento é fazer com que as pessoas reflitam sobre a melhor maneira de se obter essa Segurança. E até mesmo o significado de segurança para ela. A Segurança é um estado de espírito igual pra todos. Mas nem todos alcançam este estado de espírito da mesma forma. Entende o que eu quero dizer?

    Por isso é muito importante conhecer o parceiro, saber o que se espera dele, etc, etc. A pergunta é: como conhecê-lo de verdade?

    O seu post me estimulou a escrever sobre isso. Quando tiver um tempinho, passa lá no Ordem e dê uma olhada no Analisando o Mistério #5. Acho que você vai gostar. ;)

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  7. kkkkkkkkk
    Vii, muito bom o texto!
    Realmente, isso é bem relativo, alguns
    encaram essa maior flexibilidade nos
    relacionamentos como algo bom, libertador
    e outros como algo ruim, muito soltoo.
    A verdade é que no fim das contas fica todo mundo meio perdido, sem saber o que o outro
    de fato pretende.
    Um ótimo assunto pra discutir! Adorei, viu?
    Beijão

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  8. pois já temos saudades desse "quer namorar comigo" ::))) , hoje o medo e a falta de compromisso é enorme ..... cada vez mais , um paradoxo que nunca entendi ...por um lado a liberdade de decisões / por outro o medo de não saber ser livre ao decidir ...

    um beijo
    teresa

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  9. Adorei seu conto, muito bom para divertir um pouco.


    Eu desejo um otimo final de semana!
    beijocas

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  10. Ótimo texto! Parabéns!

    Realmente, hoje em dia tudo está muito banal.
    O mais interessante é que cansamos de ver/ouvir jovens dizendo: "Eu nunca faria isso por alguém" ou "não vou ser bobo(a) e me apaixonar, quero é curtir" e depois estão morrendo de amores por alguém e sofrendo.

    Essa banalização facilita para satisfazer prazeres imediatos de quem não possui um sentimento verdadeiro por alguém, porém, atrapalha (e muito) na construção de relacionamentos mais respeitosos, duradouros e concretos (justamente pela facilidade de encontrar outra pessoa na esquina a qualquer hora).

    A sociedade aderiu essa forma de "curtir a vida" sem nem ao menos ter refletido sobre o destino que esse caminho nos leva.

    Mais uma vez, parabéns pelo post.

    Abraço!

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  11. Bem, tudo hoje em dia está um caos e não é de se espantar que algumas coisas sérias estão banalizadas. Eu não sou muito do "ficar por ficar", mas também não preciso dar um nome ao relacionamento para ele ter importância. Isso tudo é muito relativo. Conheço um casal "juntado" que se consideram casados, têm dois filhos e são mega felizes. Sei lá, o que funciona pra uns talvez seja o desastre pra outros. E pra mim, realmente não sei o que funciona, rs.

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  12. Muito pertinente o texto! Essa sociedade moderna e fluida realmente assusta os mais tradicionais... Espero que encontremos um modo que nos faça feliz né amiga, pois é muito relativo.
    Beijos, tudo de bom!

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  13. Muito bom... infeliozmente, hoje o amor foi transformado em algo banal e os relacionamentos?? nem se falam. é mesmo sem sentido ficar com x em uma festa só pela aparência. o problema é achar o alguém que vai dizer o: "quer namorar comigo?!" se hoje todo mundo só quer o ficar, e a coisa momentânea!

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